A mudança climática tem desempenhado um papel alarmante na disseminação de doenças, sendo responsável por cerca de 19% dos casos de dengue no mundo em 2024, segundo um estudo liderado por Erin Mordecai, da Universidade Stanford, divulgado neste sábado (16). A pesquisa aponta que os números de infecção em 2024 estão prestes a duplicar o recorde histórico de 2023, evidenciando uma crise de saúde pública global.
Aquecimento Global e a Expansão dos Mosquitos
De acordo com o estudo, o aquecimento global tem ampliado o alcance dos mosquitos transmissores da dengue, como o Aedes aegypti, para além das áreas tropicais e subtropicais. Essa expansão geográfica facilita a propagação do vírus em locais antes considerados livres da doença.
Entre janeiro e agosto de 2024, foram registrados quase 13 milhões de casos de dengue, praticamente o dobro do recorde de 2023. Contudo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que os números reais podem ser ainda maiores, devido à subnotificação.
Impacto Regional e Perspectivas Futuras
Regiões como Brasil, México e Peru estão entre as mais vulneráveis. Nessas áreas, as temperaturas entre 20°C e 29°C, ideais para a reprodução dos mosquitos, têm se tornado mais frequentes. O estudo prevê que, nas próximas décadas, o aumento nos casos de dengue pode alcançar 200% em algumas regiões, colocando em risco cerca de 257 milhões de pessoas nos próximos 25 anos.
Apresentação na COP29
O relatório foi apresentado durante a COP29, a 29ª conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que este ano tem como foco o impacto do aquecimento global na saúde. O evento destacou a necessidade urgente de ações para mitigar os efeitos climáticos e proteger populações vulneráveis.
Um Problema de Saúde Global
A dengue, endêmica em mais de 130 países, apresenta sintomas que variam de febres leves a condições graves e potencialmente fatais. Sem intervenções significativas para conter as mudanças climáticas e reforçar as estratégias de controle da doença, o impacto sobre a saúde pública global continuará a crescer.
O estudo reforça a importância de integrar políticas climáticas e de saúde para enfrentar essa ameaça crescente.